Sunday, August 13, 2006

Voto Nulo

Muito se fala do voto nulo. Quem assim vota, declara sua indignação com a política brasileira. Sim, há muitos motivos para tal. Como alguém bem resumiu, desmoralizaram até o escândalo. E o motivo para tamanho deboche é bem simples.

Nos anos FHC, o PSDB tinha o a oposição petista sempre com o dedo acusatório em riste. Ao primeiro indício, lá vinham os petistas, com um novo estoque de denúncias. Algumas comprovadas, outras infudadas e umas tantas por investigar. E agora que o pt é governo, cabe aos tucanos o papel de acusador. Por trás da oposição petista, havia uma áurea simbolizando a ética. O que há por trás da oposição tucana, senão um passado sombrio, banalizando e impossibilitando qualquer crítica?

Queira ou não, o partido dos trabalhadores era o grito da ética que ecoava no palácio do planalto quando lá morava FHC. E quem hoje grita contra os inúmeros desmandos petistas? Os tucanos estão afônicos. O passado embarga a voz que denuncia. Era deles o papel de âncora ética na relação de poder hoje constituída.

A população, atordoada por tantos escândalos, enfim se manifesta. Uma população historicamente anestesiada desperta para a politica de maneira trágica. A parcela com maior poder de critica do eleitorado resolve fazer campanha pelo voto nulo. Pelo visto, deve ser mais fácil declarar indignação que ignorância.

Muitos dos que pregam o votam nulo, apesar de maior acesso à informação, não entendem, e muito menos querem entender, a política brasileira. A discussão é superficial, viciada e raramente construtiva. Ao invés de entender a política, essas pessoas preferem repudiá-la. O problema é que essas mesmas pessoas têm suas decisões influenciadas direta e indiretamente pela política.

O raciocinio é, mais uma vez, bem simples. Se todo mundo é ladrão, não voto em ninguém. Descobriram a regra, esqueceram da exceção.

Os eleitores reclamam dos políticos. Eu, de cá, reclamo dos eleitores.

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